Clube de Mogi das Cruzes suspende vendas de bebidas destiladas após casos de intoxicação por metanol em SP
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Garrafas apreendidas em uma adega de Mogi das Cruzes
Divulgação/Polícia Civil
O Clube de Campo de Mogi das Cruzes (CCMC) suspendeu a venda de bebidas destiladas em suas dependências após registros de casos de intoxicação por metanol no Estado. A medida atende a uma determinação do Sindicato dos Clubes de São Paulo (SindiClubesSP) e é válida para a comercialização nas áreas internas de convivência dos associados.
O Brasil registrou 43 notificações de intoxicação por metanol, até quarta-feira (1º), de acordo com o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional).
Desses, 39 são em São Paulo — sendo 10 casos confirmados de intoxicação por metanol em bebida e 29 em investigação — e 4 em investigação em Pernambuco. Foi registrada uma morte em São Paulo, enquanto outras sete seguem em investigação, cinco em São Paulo e duas em Pernambuco.
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De acordo com o comunicado divulgado pelo CCMC na terça-feira (30), a suspensão será mantida até haver uma "maior clareza sobre a origem do problema" e após definir uma estratégia segura visando sua resolução.
Com relação a eventos promovidos por terceiros, a entidade reforçou que não possui responsabilidade direta sobre eles. "Nesses casos, a atuação do CCMC se restringe à locação dos salões de festa, não sendo responsável pela organização das atividades realizadas nos espaços", explicou.
De acordo com o Sindiclubes, a recomendação busca não apenas reduzir riscos à saúde dos consumidores, mas também resguardar a imagem das instituições.
“Essa decisão visa proteger tanto os consumidores quanto a reputação de nossos clubes, demonstrando cuidado e responsabilidade diante de uma questão de tamanha gravidade”, afirmou a diretoria da entidade.
Tradicionais clubes da capital paulista também optaram por suspender as vendas. Entre eles estão: o Esporte Clube Pinheiros, o Esporte Clube Sírio, o Clube Hebraica e o Clube Athletico Paulistano, São Paulo, Palmeiras e o Ipê Clube.
🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
Bares
A situação também preocupa donos de bares e distribuidoras de bebida da cidade que temem serem impactados.
Alguns estabelecimentos emitiram comunicados em suas redes sociais na tentativa de tranquilizar os clientes.
Um deles é Maurício Paiva, de 46 anos, proprietário do Buxixo Rock Bar em Mogi das Cruzes. Cerca de 2 mil clientes frequentam o espaço mensalmente.
No comunicado, ele reforça que os produtos são comprados diretamente com fabricantes e distribuidores homologados pela indústria de bebidas.
A ideia é informar sobre a origem das bebidas e levar tranquilidade aos frequentadores. "O objetivo é tranquilizar os clientes, principalmente os novos que normalmente é 30% do público que frequenta cada noite", afirma o empresário.
O cenário preocupa. "Por causa de uma minoria, todo o setor é prejudicado, que vem lutando desde a pandemia para se manter aberto", lamentou Paiva.
Erick Ferreira, de 50 anos, trabalha com revenda de bebidas e desde sempre vem alertando seus clientes sobre produtos vendidos bem abaixo do preço.
"Muitas vezes o barato sai caro. Na bebida não existe milagre. Os caminhos são sempre os mesmos", afirmou o dono da distribuidora Mogi Beer.
Ele atua com marcas conhecidas do mercado e guarda as notas fiscais. Com o aumento dos registros, ele irá reforçar os alertas.
"Já andei alertando, mas não posso pensar por todo mundo. Todos meus fornecedores emitem comunicado e eu compartilho."
A expectativa é do comerciante é que a situação seja resolvida em breve. "Espero que isso acabe logo e os responsáveis sejam presos. A vida vale muito mais do que R$ 0,10 ou R$ 0,20", finalizou.
Andreza Ruiz é proprietária da Flow Up e diz que todas as compras são feitas de grandes distribuidoras, que possuem critérios de qualidade e sempre enviam notas fiscais, que são conferidas pelos funcionários.
"Estamos orientandos os clientes e conversando bastante com eles para garantir a segurança. Sempre conferimos a validade, os rótulos. Sempre tivemos esse cuidado aqui. Antes de vendermos qualquer coisa, sempre pensando na saúde deles. Prezamos isso dentro da Flow", disse.
A comerciante destaca que todo o setor está preocupado com os casos de intoxicação por metanol. "Isso impacta o setor como um todo, não só adegas. Temos adotados métodos de comunicado e medidas preventivas e demonstrando transparência e fortalecendo a confiança diante dessas últimas notícias', complementa.
Investigação no Alto Tietê
Na segunda-feira (29), a Polícia Civil apreendeu 80 garrafas de bebidas alcóolicas com indícios de adulteração e falsificação em uma adega situada no Jardim Nova União. O dono é investigado.
Em Ferraz de Vasconcelos, 21 pessoas que foram detidas por roubarem e falsificarem bebidas alcoólicas na terça-feira (23) tiveram suas prisões convertidas em preventivas a pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Decisão foi publicada nesta quinta-feira (25).
Todos foram flagradas adulterando as bebidas em um galpão. No total, 980 caixas de cervejas e oito caixas com tampinhas de diversas marcas foram apreendidas.
O MP informou que o setor de investigação do Núcleo Pró-Carga prendeu 12 homens e nove mulheres.
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Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
O número de notificações de intoxicação por metanol subiu de 45 para 52 no Estado. O balanço é da secretaria estadual de Saúde divulgado na manhã desta quinta-feira (2).
Até o momento, uma morte foi confirmada de ter sido após consumo de bebida adulterada e outros cinco óbitos estão sob investigação.
Os dados da pasta indicam uma elevação no número de casos investigados. No total, 36 casos estão sob investigação (há indícios clínicos, mas aguardam laudo para confirmar presença de metanol e investigações para entender circunstâncias de eventual ingestão da substância).
Há dez casos confirmados de intoxicação por metanol (há laudo atestando presença de metanol e confirmação de circunstâncias que indicam que a pessoa ingeriu bebida adulterada).
Mortes
Uma morte confirmada por intoxicação por metanol após consumo de bebida adulterada. A vítima é um homem de 54 anos que morava na capital paulista.
Cinco mortes são investigadas: três na cidade de São Paulo (homens de 45, 50 e 70 anos) e duas em São Bernardo do Campo (dois homens de 49 e 58 anos de idade).
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